PROGRAMAÇÃO GERAL

Trabalhos Encomendados - 40ª RN - 2021

Título

Currículo e ditadura civil-militar: entre o esvaziamento tecnocrático e a experiência

Marcus Aurelio Taborda de Oliveira – UFMG
Katya Braghini – PUC-SP
Coordenação: Adriana Maria Paulo da Silva – UFPE

Ementa

O trabalho abordará aspectos concernentes à dinâmica curricular no período da ditadura civil-militar no Brasil, com ênfase na escola de 1o. Grau. Pretende-se por em relevo a dimensão tecnocrática do currículo, focada na ideologia do desenvolvimento, na apologia do trabalho e em um ideal formativo de corte essencialista, mas também contrapor aqueles pressupostos explorando as formas ordinárias de fazer tanto de alunos quanto de professores escolares que, consciente ou inconsciente desafiavam aqueles pressupostos. Partindo de uma crítica à historiografia canônica sobre o período, mobilizará relatos de professores e registros autobiográficos para compreender o intenso agora de um projeto curricular que procurou esvaziar a escola de um dos seus sentidos mais consagrados, a transmissão do patrimônio cultural comum que dá sentido aos processos de formação.

Título

40 anos de estudos dos movimentos sociais no Brasil: aprendizagens, enigmas e desafios analíticos

Marcelo Kunrath Silva – UFRGS
Coordenação: Luís Antonio Groppo – UNIFAL-MG

Ementa

Emergindo na segunda metade da década de 1970, como parte e expressão dos primeiros passos do processo de redemocratização do país, o campo de estudos de movimentos sociais no Brasil apresenta pouco mais de quatro décadas de importantes acúmulos em termos de pesquisas empíricas e formulações teóricas. Ao longo desse período, o campo de estudos observou momentos de ascensão e declínio do tema, mudanças teóricas e deslocamentos de objetos e de problemas de investigação. O presente trabalho busca fazer um balanço dessa trajetória, destacando os aprendizados acumulados e os enigmas que desafiam as pesquisadoras do campo. Em um ambiente acadêmico tradicionalmente mobilizado por novidades e demandas conjunturais, defende-se a necessidade de um contínuo diálogo crítico com o conhecimento previamente produzido por gerações de pesquisadoras que conformaram o campo de estudos de movimentos sociais. Tal diálogo crítico é fundamental, de um lado, para a preservação de importantes aprendizados empíricos e teóricos produzidos pelas pesquisas já realizadas no campo. E, de outro lado, para que seja possível identificar quais são efetivamente as novidades em termos de objetos empíricos e problemas de pesquisa que o campo precisa abordar.

Título

Didática mediada pela alteridade: uma orientação emancipadora em tempos de ensino remoto emergencial

Geovana Ferreira Melo – UFU
Coordenação: Vania Leite – FFP/UERJ

Ementa

O artigo objetiva evidenciar desafios e possibilidades de construir o processo ensino-aprendizagem a partir de uma orientação emancipadora no contexto do ensino remoto emergencial. Os seguintes questionamentos balizaram a pesquisa: Em tempos de educação on-line, quais os principais desafios emergem para a docência? Qual(is) perspectiva(s) teórica(s) da didática pode(m) contribuir para os processos de ensinar-aprender-pesquisar em tempos de ensino remoto? Trata-se de um estudo exploratório, do qual participaram 32 pós-graduandos em Educação. A partir da compreensão de que o ensino, objeto da didática, se configura como fenômeno complexo, a análise revela a necessidade de construir processos formativos ancorados na didática mediada pela alteridade, a partir do contexto que engendra as relações, nas quais cada um afeta e é afetado.
Palavras-chave: Didática; Alteridade; Ensino Remoto Emergencial.

Título

Crise política, ascensão do neofascismo no Brasil e suas capilaridades nas políticas educacionais

Armando Boito – UNICAMP –
Lisete Arelaro – USP
Coordenação: Maria Vieira Silva – UFU

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A sessão de trabalho abordará confluências entre Estado, crise política e políticas educacionais na realidade brasileira contemporânea. A partir de um panorama de diferentes contextos históricos culminando nas teorizações de Nicos Poulantzas sobre a crise política e ascensão do fascismo ao poder governamental, o sociólogo Armando Boito analisará porque a crise política iniciada em 2015 – logo após a vitória eleitoral de Dilma Rousseff na eleição presidencial de 2014 – propiciou, três anos mais tarde, a formação de um governo fascista no Brasil. As análises macrossociais se constituirão em referentes fundamentais para abordagens da pedagoga Lisete Arelaro sobre as dimensões constitutivas e constituintes das políticas educacionais no tempo presente, ancoradas na agudização dos paradigmas neoliberais substantivados em práticas anti-democráticas, privatistas e conservadoras.

Título

Paulo Freire e os desafios da educação pós-pandemia

Carlos Rodrigues Brandão – UNICAMP –
Coordenação: Valéria Oliveira de Vasconcelos – UNISAL

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O legado freiriano e a Educação Popular em tempos de pandemia do corona vírus. De que Educação Popular estamos falando? Educação Popular e o contexto latino-americano. Paradoxos da pandemia e seus impactos pessoais e na vida cotidiana. Crise do modelo civilizatório e novos desafios à Educação Popular. A construção de resistências e modelos alternativos de vida na contemporaneidade. O papel da Educação Popular junto aos movimentos sociais . Diante de “situações -limites” com criar “ínéditos viáveis?” A educação Popular como uma utopia aberta a ser reconstruída na Educação/Sociedade brasileira.

Título

Educação de crianças de 0 a 6 anos no GT 07 da Anped: percursos e demandas de pesquisa nos últimos 10 anos

Maria Fernanda Rezende Nunes – UNIRIO
Edson Cordeiro dos Santos – PUC-RIO
Gabriela Scramingnon – UNIRIO
Marina Castro e Souza – UERJ
Coordenação: Livia Fraga Vieira – UFMG

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O trabalho apresenta um panorama da atuação do GT 07 da Anped nos últimos 10 anos, percorrendo a trajetória das Reuniões Nacionais e sistematizando informações selecionadas, notadamente sobre os percursos e demandas de pesquisa oferecidas no período, sob diferentes enfoques, mas com a perspectiva de complementaridade. Consolida-se nos seguintes tópicos: (i) sobrevoo pela produção do GT selecionando o escopo da análise; (ii) apreciação dos trabalhos encomendados e os das sessões especiais; (iii) retomada dos temas centrais de cada Reunião e de seus contextos; (iv) análise das referências bibliográficas dos trabalhos apresentados no período; (iv) mergulho nos trabalhos, pôsteres e minicursos, indicando grandes categorias e subcategorias de análise; (v) considerações e temas emergentes para uma agenda de pesquisa.

Título

Paulo Freire e a formação de professores

Ana Maria Saul – PUC-SP
Coordenação: Kátia Curado – UnB

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O trabalho objetiva apresentar a proposta de formação permanente de Paulo Freire como um paradigma contra-hegemônico, capaz de reagir criticamente aos modelos dominantes de formação de professores. A formação permanente de educadores, posta em prática na Secretaria de Educação do município de São Paulo (1989-1992), será analisada como uma possibilidade de construção de novas formas de pensar-agir sobre a formação docente. Será demonstrado, também, o desenho da pesquisa “Paulo Freire: um pensamento voltado para a justiça social-análise de políticas e práticas”, que busca evidenciar a materialidade e a reinvenção do pensamento de Freire. Essa pesquisa, sediada na Cátedra Paulo Freire da PUC-SP vem se desenvolvendo em uma rede que congrega pesquisadores vinculados a 20 Programas de Pós-Graduação em Educação, em 13 estados brasileiros.

Título

Trabalho remoto como tendência do capital: efeitos sobre a Educação
Giovanni Alves – UNESP/Marília
Coordenação: em definição

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Trata-se aqui da análise da nova precariedade salarial que se constitui no novo modo de explorar a força de trabalho na era do capitalismo global, tanto nas organizações privadas e públicas. O Estado neoliberal tem operado a disseminação da nova precariedade salarial na administração pública. Com o capitalismo de plataformas e a nova base tecnológica informacional, um elemento da nova precariedade salarial (o teletrabalho) tem crescido, principalmente com a pandemia do novo coronavírus. A pesquisa a ser exposta trata dos impactos do home-office no trabalho, saúde e qualidade de vida de trabalhadores públicos no Brasil em 2020.

Título

Letramento escolar e não escolar: os paradigmas das pesquisas em eventos
Andrea Tereza Brito Ferreira – UFPE
Otília Lizete de Oliveira Martins Heining – FURB
Isabel Cristina Alves da Silva Frade – UFMG
Coordenação: Eliane Teresinha Peres – UFPel

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Concepções relacionadas ao termo letramento têm motivado pesquisas, influenciado políticas públicas de educação e práticas pedagógicas escolares no Brasil. Estudos desenvolvidos no GT 10 sobre o tema identificaram que, de 2015 a 2019, poucos foram os trabalhos sobre o tema divulgados na Anped. Buscando identificar paradigmas de letramentos escolares e não escolares que circulam no Brasil, foram eleitos dois eventos entre 2015 e 2019: o Colóquio Internacional sobre Letramento e Cultura Escrita e o Congresso Brasileiro de Alfabetização. Foram identificados 246 trabalhos sobre o tema. Os resultados revelam as tendências de abordagem em letramentos escolares e não escolares, os campos teóricos empregados, a rede semântica na qual o conceito circula e alguns modos de apropriação que se afastam ou se aproximam das possibilidades que este campo de estudo apresenta.

Título

Ciência e tecnologia no contexto de convergências de fundamentalismos: neoliberalismo extremo e guerra cultural

Roberto Leher – UFRJ
Coordenação: Celia Regina Otranto – UFRRJ

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O trabalho examina a reforma não consentida do Estado, especialmente por meio da Emenda Constitucional n. 95/2016, e da agenda da reforma administrativa empreendida pelo governo Bolsonaro. Discute o sufocamento orçamentário do MCTI colocando em relevo as verbas discricionárias e os deslocamentos do fundo público para fins particularistas guiados pela ideologia inovacionista. Estabelece conexões entre o neoliberalismo extremo e a ofensiva da extrema direita contra as heranças emancipatórias, laicas e seculares do Iluminismo e contra a Revolução Francesa, especialmente os seus nexos liberdade e igualdade social (investida que pode ser sumarizada como Guerra Cultural). Situa e caracteriza o movimento autocrático como uma dimensão da heteronomia cultural advinda do contexto atual do capitalismo dependente e esboça estratégias de resistência e agendas para forjar coalizões em prol da autonomia universitária e da pertinência da ciência e da tecnologia com os problemas dos povos e os dilemas da humanidade.

Título

Currículo e pandemia: disrupções da vida (im)possível

Autores: Pesquisadores dos grupos de pesquisa do GT
Coordenação: Hugo Heleno Camilo Costa – UFMT

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As conversas sobre o currículo, nesta edição do trabalho encomendado, são provocadas a refletir os desafios do campo em um cenário de pandemia. De resultados irrestritos ao adoecimento e à perda de pessoas, a pandemia tem produzido impactos e questionamentos imprevistos e incessantes em diferentes cenas da vida. É para tais questionamentos e respostas que o GT-Currículo se vê convidado à interação com perguntas latentes e, por vezes, pouco nítidas do que temos chamado por pandemia. Um convite para pensar a vida, o luto, a sobrevida como versão mais intensa da vida, a educação, as escolas, subjetivações, alteridades, direitos de ser e afirmar em um contexto agudo e, neste gesto, tramar um encontro de trabalhos com leituras plurais sobre tudo o que consideramos coletivamente como de interesse curricular.

Título

Currículo e pandemia: disrupções da vida (im)possível
Autores: Pesquisadores dos grupos de pesquisa do GT
Coordenação: Hugo Heleno Camilo Costa – UFMT

Ementa

As conversas sobre o currículo, nesta edição do trabalho encomendado, são provocadas a refletir os desafios do campo em um cenário de pandemia. De resultados irrestritos ao adoecimento e à perda de pessoas, a pandemia tem produzido impactos e questionamentos imprevistos e incessantes em diferentes cenas da vida. É para tais questionamentos e respostas que o GT-Currículo se vê convidado à interação com perguntas latentes e, por vezes, pouco nítidas do que temos chamado por pandemia. Um convite para pensar a vida, o luto, a sobrevida como versão mais intensa da vida, a educação, as escolas, subjetivações, alteridades, direitos de ser e afirmar em um contexto agudo e, neste gesto, tramar um encontro de trabalhos com leituras plurais sobre tudo o que consideramos coletivamente como de interesse curricular.

Título

O impacto da pandemia na aprendizagem e nas desigualdades educacionais

Mariane Campelo Koslinski – UFRJ
Tiago Lisboa Bartholo – CAp/UFRJ
Coordenação: Hustana Maria Vargas – UFF

Ementa

O trabalho apresenta as principais evidências de pesquisas realizadas no Brasil e em outros países que buscaram compreender duas questões relacionadas aos efeitos da pandemia: a) qual o impacto do fechamento das escolas no aprendizado e nas desigualdades educacionais? b) Qual o impacto do ensino remoto no aprendizado das crianças na educação infantil e/ou no início da trajetória escolar. A segunda parte do trabalho apresenta os resultados do estudo “O impacto da pandemia do COVID-19 no desenvolvimento das crianças durante a pré-escola” realizado em escolas públicas, privadas e conveniadas, localizadas em dois municípios brasileiros, que buscou (i) mapear as estratégias pedagógicas e de comunicação com as famílias durante a pandemia; (ii) observar impactos da pandemia na rotina, bem-estar e desenvolvimento das crianças matriculadas na pré-escola.

Título

Formação do professor de Educação Especial no Brasil

Maria Helena Michels – UFSC
Coordenação: Hildete Pereira dos Anjos – Unifesspa

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Esse trabalho é resultado de uma pesquisa nacional envolvendo cerca de 30 pesquisadores, de todas as regiões do país. O objetivo da pesquisa é mapear a formação de professores(as) de/para a educação especial a partir da plataforma do E-mec. Buscamos localizar e caracterizar os cursos ativos de Licenciatura em educação especial; localizar e caracterizar os cursos ativos de especialização relacionados à educação especial; localizar e analisar as disciplinas concernentes à educação especial nos cursos de licenciatura em pedagogia das universidades federais. Consideramos os cursos de licenciatura em educação especial, a partir de suas características (esfera administrativa; modalidade; história do curso; estrutura e objetivos do curso; perfil docente, discente; concepções dos cursos entre outros elementos).

Título

Pesquisa no ciberespaço: desafios para a educação

Jean Segatta – UFRGS
José Ribeiro – Instituto de investigação em Designm Cultura e Media, Portugal
Coordenação: Edméa Santos – UFRRJ
Mediação: Cleber Gibbon Ratto – UNILASALLE e
Sarai Patrícia Schmidt – FEEVALE

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Neste trabalho são abordados alguns dos desafios implicados na etnografia online colocados em relevo na pandemia. Em um momento em que pesquisas têm sido desenvolvido por meios de tecnologias digitais contestadas à internet, é preciso considerar que a forma intensiva com a qual o layout de plataformas como aquelas que sustentam redes sociais parecem poder reunir muitas pessoas e conexões em um mesmo espaço tende a amplificar a observação em detrimento da participação. Como o acesso às redes se faz com frequência por meio de dispositivos também compactos, como os smartphones, a sensação é de ubiquidade e onipresença, dificultando a apreensão da situacionalidade, da multiplicidade e da contingência, próprias da experiência etnográfica. Argumentarei, assim, que a etnografia é mais do que uma tarefa de colecionamento de postagens e de comentários “pinçados” nos feed e murais – é uma experiência situada. O que define a ética do trabalho é a exigência de uma contínua negociação dos termos da relação e da partilha. A simples coleta e mistura de postagens e recortes reduz e equipara a etnografia a uma simples atividade de mineração de dados.

Título

Pensamento contracolonial e confluências

Antonio Bispo dos Santos – Quilombo Saco-Curtume – Piauí
Givânia Maria da Silva – Membro fundadora Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas – CONAQ – Prof. substituta da FUP/UNB
Coordenação: Alexandre Filordi de Carvalho – UNIFESP e
Lílian de Aragão Bastos do Valle – UERJ

Ementa

Desde pelo menos o século XIX, por força de influência de Renan , a história da filosofia foi contada como a história de um milagre. O «milagre grego» concedia à filosofia a imagem de uma atividade que, nascida entre os Gregos e transposta para a Europa, se desenvolvia sem participação nem contágio de outros povos, sendo capaz de testemunhar a excelência singular atingida por uma cultura.
Assim, descolonizar a filosofia da educação significa, numa primeira acepção, e antes de qualquer outra coisa, fazê-la migrar da colônia filosófica em que se encerrou para outros horizontes, redescobrindo a vitalidade e as razões dos novos começos; mas significa também um compromisso com uma atitude de respeito e de escuta com essas outras experiências por tanto tempo silenciadas pela voz do milagre. Deixar viver o pensamento, enfim desprovincializado.

Título

As dissonâncias entre a demanda potencial e o acesso à educação de jovens e adultos: uma análise do cenário recente

Ana Elizabeth M. de Albuquerque – INEP
Gustavo Henrique Moraes – INEP –
Robson dos Santos – INEP
Susiane de Santana Moreira Oliveira da Silva – INEP
Coordenação: Maria Margarida Machado – UFG

Ementa

O sistema educacional brasileiro apresenta grandes desafios no que se refere à garantia da educação básica e à elevação da escolaridade. Mesmo com melhorias no acesso, fluxo e nas taxas de conclusão, metade da população com 25 anos ou mais não possui ensino médio (51%); e cerca de 38,6% não possuem sequer o ensino fundamental (Pnad-C/IBGE, 2020). Essa exclusão de grande parte da população brasileira do direito educacional repercute em perdas sociais, culturais e econômicas para os indivíduos, para os sistemas de ensino e para o país. Nesse contexto, a comunicação focalizará: i) no perfil da demanda potencial por educação básica, tomada como o conjunto das pessoas fora da escola sem o ensino fundamental ou médio completos; e ii) nas matrículas em EJA, em suas diversas etapas e formas. Com isso, busca ressaltar alguns dos desafios que se impõe às políticas de EJA na contemporaneidade.

Título

(Des)construções curriculares para a formação inicial de professores que ensinam matemática: desafios e cenários de possibilidades para (re)existir

Márcia Cristina de Costa Trindade Cyrino – UEL
Regina Célia Grando – UFSC
Coordenação/Mediação: Cármen Lúcia Brancaglion Passos – UFSCar

As investigações contemporâneas a respeito da formação inicial de professores que ensinam matemática (PEM) apontam para um cenário que privilegia o trabalho coletivo e o movimento de constituição de identidade profissional. A imposição de uma centralização curricular, pautada na pedagogia das competências, reverbera uma concepção redutora e esvaziada de currículo e dissimula os direitos e objetivos de aprendizagem presentes na Lei do Plano Nacional de Educação. Essa concepção cerceia a pluralidade e a diversidade cultural, de público e instituições; fere o princípio da gestão democrática e da liberdade de ensinar e aprender matemática. Neste sentido, são esperados trabalhos que apontem desafios e proponham possibilidades de formação e de perfil do formador que dialoguem com uma educação matemática orientada na constituição de uma sociedade pautada por relações democráticas.

EDUCAÇÃO ESCOLAR E TECNOLOGIAS DIGITAIS: CONSIDERAÇÕES PROSPECTIVAS SOBRE ATIVIDADE PEDAGÓGICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO

Seth Chaiklin – Dinamarca
Juliana Campregher Pasqualini – UNESP/Bauru
Coordenação: Sonia Mari Shima Barroco – UEM-PR/ UNIR-RO

O contexto de pandemia alçou as tecnologias digitais ao centro dos holofotes da educação escolar, acirrando tendências que remontam às “máquinas de ensinar” e situam no âmbito dos recursos operacionais a centralidade do processo educativo, subsumindo o problema dos objetivos e conteúdos da educação. O trabalho recupera a compreensão de que o conteúdo de ensino, por sua substância conceitual, requer determinada forma para sua reconstituição na atividade do aluno, de modo que o domínio de recursos tecnológicos contemporâneos pelo professor não deve se sobrepor à necessidade da reflexão pedagógica sobre o que e por que ensinar, considerando o projeto de formação humana pleiteado. A clareza da intencionalidade, dos conteúdos e condições de ensino determinam se os recursos operacionais podem ou não se converter efetivamente em instrumentos da atividade pedagógica e qual será seu papel no desenvolvimento do pensamento teórico. Problematiza-se o acirramento da desigualdade escolar produzido pela gestão social da pandemia, ponderando que o acesso à tecnologia em si mesmo não garante o acesso ao conteúdo cultural e histórico capaz de promover o desenvolvimento humano em plenitude.

Título

Vinte anos de GT 21 da ANPED e as contribuições das ações afirmativas no ensino superior brasileiro

Adilson Pereira dos Santos – UFOP –
Mediação: Eugenia Portela de Siqueira Marques – UFMS

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O Grupo de Trabalho 21 (GT21) da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação (Anped) foi criado numa conjuntura que coincide com a concretização das primeiras iniciativas de ações afirmativas em educação, especialmente no ensino superior. Essa modalidade de política pública foi inserida na agenda política brasileira, como resposta às reivindicações históricas do Movimento Social Negro e cumprimento ao Plano de Ação da Conferência de Durban (2001). A expressão formal mais evidente neste sentido, se reflete no Projeto de Lei do deputado Abdias do Nascimento, sustentado na necessidade de ações de compensação, visando à implementação do princípio da isonomia social do negro em relação aos demais segmentos étnicos brasileiros. Coincide também com a criação, um ano antes, da Associação Brasileira de Pesquisadores e Pesquisadoras Negros e Negras (ABPN). O GT 21 e ABPN são espaço concebidos pela intelectualidade negra, ante ao limite da associações gerais de áreas e GTs até então existentes na Anped, para lidarem com a dimensão transversal das temáticas, africanas e afro-brasileira, subsumidas pelas abordagens generalistas. Neste sentido, este trabalho tem como objetivo refletir as contribuições e o papel do GT 21 para as ações afirmativas nas suas duas décadas de existência.

Título

Esquina do futuro: educação Ambiental, mundo Pandêmico e a encruzilhada como caminho

Luiz Rufino Rodrigues Junior – UERJ
Mediação: Celso Sanchez – UNIRIO

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Agô, peço licença para pisar nesse chão. A proposta deste trabalho inicia-se com a pergunta feita há décadas por um preto-velho; o que marca o nosso tempo? Encapsulados pelo acontecimento colonial, nosso tempo é marcado pelos efeitos de um amplo painel de assassinatos e ações contrárias aos viventes. Assim, desde a produção de desvio existencial, esquecimento, destruição das comunidades, ecossistemas e quebra dos ciclos vitais a colonização se firma como pilar estrutural/estruturante de edificação do mundo moderno. Porém, nos cabe outra pergunta: qual a possibilidade de existir em um sistema radicalizado na violência? O colonialismo como um espectro de terror e empresa de desencanto nos lança uma demanda pedagógica: como responder com vida a um sistema de mortandade? É invocando Exu, princípio cosmológico/bio-cósmico, que proponho uma pedagogia das encruzilhadas, ato político/poético/ético em favor da vida em sua diversidade.

Título

Gênero, neoconservadorismo e democracia

Flávia Biroli – UnB
Coordenação: Fernando Seffner – UFRGS

Ementa

Trabalho analisa as relações entre gênero, sexualidade, religião, direitos e democracia na América Latina. Abordam-se as reações, no Brasil, contrárias às políticas de equidade de gênero, direitos LGBTQIA+ e saúde reprodutiva. O trabalho analisa também a influência de expressões do campo conservador no campo da educação, como “ideologia de gênero”, “feminismo radical” e “marxismo cultural” para justificar ações que promovem exclusões, vetos a perspectivas críticas e o fim de políticas públicas importantes para mulheres e minorias, corroendo, por dentro, a democracia na região. A análise do conceito de neoconservadorismo, e suas consequências para o campo educacional, em particular nas questões em gênero e sexualidade, é o pano de fundo do trabalho.

Título

Corpo, Dança e o Ensino de Artes como ações de utopias críticas

Lenira Peral Rengel – UFBA
Mediação: Márcia Maria Strazzacappa Hernández – UNICAMP

Ementa

Na espacialidade deste encontro uma abordagem das Artes e da Dança como comportamentos da humanidade. Processos artístico-educativos são operações cognitivas dos corpos, portanto, modos de compreensão do mundo, das outras pessoas e de si. Configurações de tempos e espaços, como, por exemplo, as múltiplas esferas metafóricas com as quais nos relacionamos: cinesferas, blogesferas, midiosferas e semiosferas não são apenas físicas, são nossas relações com as descontinuidades e contradições das ideias, desejos, ações, ou não, de liberdade. Ensino de Dança e Artes como emancipação e não como regulação. Professores e estudantes como parte de um processo conjunto de mediação na construção de uma utopia crítica. Ensinar métodos técnicas e práticas de Dança e Artes junto a ensinar a compreender a vida com as Artes.